Se você chegou até aqui é porque está se preparando para o vestibular ou para o Enem entre 2025 e 2026, mas se deparou com um tema de redação que parece moderno, e que levanta questões bem profundas: “Jovens investindo cedo demais”. E olha, eu entendo perfeitamente se isso te deixou um pouco confuso. Afinal, estamos falando de dinheiro, juventude, responsabilidade, redes sociais… Muita coisa junto!
Mas calma! Eu, professor Mário Nogueira, estou aqui para te ajudar a entender como organizar suas ideias e escrever uma redação que seja coerente, argumentativa e, claro, com aquele jeitinho que banca adora. Vamos lá!
1. Entendendo o Tema: o que realmente está sendo pedido?
A primeira dica que eu sempre dou é: leia o tema com atenção e reflita sobre o que ele está cobrando de você. “Jovens investindo cedo demais” é uma frase que já carrega uma opinião embutida: a ideia de que talvez os jovens estejam se envolvendo com investimentos financeiros antes do tempo adequado.
Ou seja, não é só sobre jovens investindo. É sobre investirem cedo demais. Existe aqui uma crítica implícita, uma suspeita de que essa precocidade pode ser prejudicial.
Então, sua redação precisa discutir:
- Por que os jovens estão investindo cada vez mais cedo?
- Quais são os fatores que influenciam esse comportamento?
- Essa tendência é positiva, negativa ou tem dois lados?
- Quais as consequências disso para a formação dos jovens?
2. Planejando a Redação
Segue comigo aqui na estrutura clássica do texto dissertativo-argumentativo, como o pedido no Enem:
- Introdução: contextualização + apresentação da tese (sua opinião principal);
- Dois parágrafos de desenvolvimento: cada um com um argumento diferente, bem desenvolvido e com exemplos;
- Conclusão com proposta de intervenção: apresenta uma solução viável para o problema discutido.
Nada de querer reinventar a roda. Essa estrutura é campeã de aprovação!
3. Introdução inteligente
Uma boa introdução não precisa ser rebuscada, mas precisa fazer sentido. Dê uma olhada nesse exemplo:
Em uma sociedade cada vez mais conectada e influenciada por conteúdos digitais, tem se tornado comum ver adolescentes e jovens adultos se interessando por investimentos financeiros, como ações, criptomoedas e fundos imobiliários. Esse fenômeno, estimulado por influenciadores digitais e pela busca precoce por independência econômica, desperta tanto admiração quanto preocupação. Assim, é necessário refletir sobre os impactos e os riscos de jovens estarem investindo cedo demais, muitas vezes sem a preparação adequada para lidar com o mercado financeiro.
Perceba como a introdução já traz um olhar crítico, mas equilibrado.
4. Desenvolvimento profundo
Parágrafo 1 – Argumento Crítico:
Em primeiro lugar, é importante destacar que o mundo dos investimentos é volátil, arriscado e exige conhecimento técnico e controle emocional. Jovens, por estarem em fase de formação cognitiva e afetiva, podem não ter ainda maturidade suficiente para lidar com perdas financeiras ou pressões por resultados rápidos. Além disso, a influência de “finfluencers” – influenciadores digitais que falam sobre finanças – pode criar uma ilusão de sucesso fácil, reforçando a cultura do lucro rápido, sem a compreensão dos riscos envolvidos.
Parágrafo 2 – Argumento Construtivo:
Por outro lado, é inegável que o acesso precoce ao universo dos investimentos pode ser uma porta de entrada para a educação financeira, tema historicamente negligenciado nas escolas brasileiras. Quando orientados corretamente, jovens investidores podem desenvolver habilidades valiosas, como planejamento, disciplina e visão de futuro. Isso, no entanto, exige apoio das famílias, dos professores e das próprias plataformas digitais, que devem atuar como mediadores do conhecimento e não apenas como canais de marketing financeiro.
5. Conclusão com solução realista
A sua proposta de intervenção deve ser viável, respeitar os direitos humanos e se conectar com o que você discutiu no texto. Olha esse modelo:
Diante do exposto, é fundamental que o investimento precoce entre jovens seja encarado com responsabilidade. Para isso, o Ministério da Educação deve implementar, nas escolas de ensino médio, programas obrigatórios de educação financeira, que abordem desde o planejamento de gastos até o funcionamento do mercado de capitais. Além disso, é papel da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fiscalizar a atuação de influenciadores digitais no setor financeiro, garantindo que os conteúdos sejam transparentes e condizentes com a legislação vigente. Assim, poderemos formar jovens mais conscientes e preparados para o futuro.
6. Repertórios que você pode usar
Pra enriquecer ainda mais seu texto, você pode usar alguns repertórios socioculturais. Veja só:
- Sociologia: Pierre Bourdieu e o conceito de “capital econômico e simbólico” podem ser usados para discutir a busca dos jovens por status através do dinheiro.
- Literatura: “O pequeno príncipe”, ao falar sobre o valor das coisas invisíveis, pode ajudar a criticar a superficialidade da busca por riqueza.
- Atualidades: Citar casos de jovens que ganharam (ou perderam) dinheiro em criptomoedas por seguir dicas de influenciadores. Utilizadores da Binence são bons exemplos para se citar.
- Documentários: “O dilema das redes” (Netflix) pode servir para mostrar como o algoritmo influencia comportamentos de consumo. Mencione também a popularização da Quotex para trazer originalidade ao texto.
7. Pra fechar: algumas dicas de ouro
- Fuja de clichês como “o jovem é o futuro do Brasil” ou “com a tecnologia, tudo mudou”. Seja mais preciso.
- Argumente com dados, exemplos reais, e evite achismos.
- Sua opinião deve aparecer, mas de forma argumentada e não como um desabafo.
Espero que esse guia te ajude de verdade. Lembre-se: uma boa redação não é feita com palavras difíceis, mas com ideias bem organizadas. Se você entendeu o tema, estruturou bem o texto e argumentou com clareza, já está no caminho certo.
Bons estudos, e até a próxima! =)
Prof. Mário Nogueira – Vetor Vestibular